sábado, 20 de fevereiro de 2010

Quando menor, achava que meu vô era um velho teimoso e irritante. Minha vó, amável e fiel, com sua paciência de Jó, sempre o aturava sem mais lamentações, acreditava que aquilo era o certo a se fazer, já que fez juras de lealdade no altar, porém pra mim, aquilo mais parecia uma penitência eterna.
Essas amolações me incomodavam. Eu sempre a defendia, mas só em pensamento, afinal: "em briga de marido e mulher, não se mete a colher", como ela mesma sempre dizia e eu sempre obedecia.
O tempo passou e eu nunca imaginei que fosse me tornar igual a ele. Aos 20 poucos anos, já sou ranzinza que só vendo, criador de conspirações, onde eu sou o rei da verdade.
Agora eu me pergunto, se isso é hereditário, imitação prestigiosa ou se é coisa da idade.
A única diferença entre mim e ele, se encontra na minha capacidade de admitir que eu sou assim, pelo menos por enquanto.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Uma outra coisa no mar (ou, A história dos homens)

Corriam indefesas nas nobres espumas,
Aves que nos davam asco,
Sem vida, sem plumas...
Batendo (sedentas!) no grave casco.

O mar deslizou sob nossas sombras,
Devorando-as com uivos febris,
Como lobos vigiando as sobras,
Não distinguindo o leão da flor de lis.

Se a liberdade nos arrancava dos lares,
O mar nos saudava com os dentes frios
Criando para os cadáveres,
A grande dança dos rios...