quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Meu amigo tatuí, famoso Pedro mentira

-Assina aqui, por favor!
-Nessa linha aqui? Tatuí Santia... É... É... Será que você teria outro formulário, assinei c meu apelido... Esses malditos apelidos!
-Tudo bem, não tem problema! Por que Tatuí?
-Ah! Vem da época de escola, como muitos outros. Mas Tatuí foi o que pegou, tem tanto tempo que sou chamado de Tatuí que às vezes acabo esquecendo meu nome.
-Mas é um apelido legal!
-Experimenta ser chamada por uma coisa que você desgosta e que acaba virando sua identidade... Bom... Tai, dessa vez assinei certo.
-Tchau, boa tarde!
-Boa!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

“Eu não vou!”
Ele bateu a bengala tão forte no chão que o interfone tocou.
“Não, está tudo bem, foi meu pai... isso, com a bengala de novo... não, ele não vai.”
Sai da casa logo em seguida, é a minha quinta visita ao velho sem que eu o convença a mudar daquela casa cheirando a jornal, maldito cheiro que ele insiste em dizer que era o da minha mãe.
Já estou ficando conhecido no prédio e na rua, tomo sempre um café com o porteiro quando estou saindo da casa: “é Jorge, eu já estou não sou jovem também, vou me aposentar esse ano, mas tenho a terrível sensação de que o “velho” é mais lúcido que eu, mesmo com toda aquela teimosia”.
E quando saio de lá, o jornaleiro: “Seu Felipe, como vai o velho? Turrão como sempre? (...) Ah aquele lá não tem jeito, quando eu era garoto ele dava umas bengaladas na gente se deixasse a bola cair na sacada...”.
Eu sempre sorria, parava, conversava... Descobri que meu pai não é impenetrável como pensava, na verdade toda aquela rua girava em torno dele e do seu ranço pelo mundo, aquelas pessoas amavam o meu pai, e eu aprendia a amá-lo por elas. “Quarta feira eu volto, vai saber se ele não muda de idéia”.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Ópio

Ele não assisti ao noticiário, não é graduado e muito menos disciplinado. Nunca possuiu um propósito comum.
Com certa euforia, apesar da longa idade, todos os dias, um pouco antes do entardecer a passos largos ele sobe a colina e se enraíza num solo fértil, que há tempos o acolhe. Ali ele admira e exalta sob olhar mórbido, o que considera o seu espetáculo particular. Tal privilégio se deve a falta de percepção dos habitantes daquele vilarejo, chamado Metrópoles, à atração sempre renovadora da natureza, o pôr do sol.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Sem café, sem leitura!

Acordei, era domingo. Mas precisamente 14h 57min do primeiro domingo de Janeiro. As coisas só saem errado em dois dias da semana no primeiro dia ou exatamente no meio dela.
Como eu ia dizendo, acordei e ela não estava mais ao meu lado, em cima de seu travesseiro um envelope... Levantei, fui até a cozinha e liguei a abençoada máquina, a cafeteira, voltei no quarto, troquei de roupa e saí para buscar o jornal. Quando voltei o café estava pronto. Peguei uma xícara e sentei com meu jornal (li quase todo jornal, só parei quando acabou a jarra de café).
Voltei no quarto, apanhei o envelope nele só estava escrito o meu nome, Paulo, abri-o. . . Dentro dele: duzentos e cinqüenta reais e uma carta. Coloquei o dinheiro no bolso e rasguei a carta, e pela janela do décimo quarto andar joguei fora os pedaços de papel picado. Não podia ler mais nada, o café tinha acabado!