A Primeira vez que eu vi o mar eu era um pouco menos gente, a estrada havia tirado tanto de mim, tanta carne e tanta vontade que eu apenas seguia, sem olhar placas e pessoas que por mim passavam. Não lembrava mais da minha casa ou das pessoas que eu amava, eu era sozinho em um mundo infinito e desabitado, eu pensava que isso era paz e pensava que era o que eu queria.
Então apareceu zombando dos meus olhos o infinito por excelência, aquele que parece fazer o céu lhe seguir, coisa absurda o mar. Eu o olhei como uma criança, e a paixão dos homens antigos se apossou de mim, era preciso lhe enfrentar, estava na minha natureza, entendi que era para isso que o homem foi criado, cada individuo sobre a terra em suas casas ou na estrada, eram traidores da espécie que nasceu apenas para triunfar sobre o mar.
“Parece que não acaba nunca né? Esse bichão engole a gente e deixa nossas mulheres chorando, achando que não volta mais. E então, ele nos cospe triunfante e devolve uma coisa magra e salgada para casa. O mar é pior que a guerra, meu amigo”. Era um homem negro cuja idade era impossível calcular, que vendo meus olhos encantados, disse-me essas coisas... E eu, me vi novamente como uma criança sob as palavras maiores de um velho viajante.
2 comentários:
“Os únicos presentes do mar são golpes duros…”
O mar é bom de ver assim, vez em quando. Viver nele não deve ser essa maravilha toda, rs.
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