A vida que escarneci não escarneço mais. A morte que aguarda por mim, sadia e serena, continua a se desenvolver. A casca que era eu, hoje jáz no solo brotando em algo novo, ou fecundando a terra. Possa eu chorar, mas ver algo novo. Possa eu ver o Pôr-do-Sol, evento infinito em mim. E a sorte que doi ser mais uma vez um caminhante entre as trilhas de corações, seja sorte de viver entre corações. Meu turbulento despertar seja sereno amanhecer. Ontem é hoje e amanhã não é nada fora de mim. Hoje sou mais do que sempre serei, sem nunca imaginar que sou. A vida que sonhei não foi feita para ser sonhada, ser vivida. Acrescento nenhum perdão, porque o pecado, grilhão cruel, feriu meus pés jornadeiros. Negando as glórias, sou maior que todas as conquistas. Se no princípio era o verbo, ainda sou cego, e cego serei até chegar ao fim. Seja feita luz sobre minhas mãos, elas me dizem o que será feito de mim. Mas lembro bem, ainda, não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada. Tenho em mim o mundo, fora de mim um mundo. Ipso facto, et cetera.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
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