Ele guarda nos olhos um pedaço de memória perfeita: na mesa, a cachaça e o baralho, e no vento as palavras que dançavam bêbadas relembrando como os amigos conversam. Amigos que quase só se vêem em lembranças como essas.
Ele desejava o centro do mundo, onde tudo acontecia. “O centro do mundo é o México”, dizia seu velho conhecido que ele tão saudosamente escolheu deixar para trás. Mas ele sabia que Antonio sempre esteve certo: “o centro do mundo é o México e um dia eu estarei lá”, repetia enquanto marcava à canivete a triste mesa do seu escritório.
Sentia que havia viajado ao mundo todo dentro de Minas, toda sabedoria espalhada por lá, mas vinha essa frase lhe assombrar o espírito, onde já se viu seu Zé? Saber onde fica o centro e nunca ter ido pra lá. Pra isso precisava de um barco, ele sabia que só assim essa viagem deveria ser feita, na sua idade qualquer estrada deve ser digna da morte, e só o mar é, esse implacável amigo que sempre foi o maior adversário do homem. “Antonio sabia conversar com o mar”, repetia consigo seu Zé, “será que eu aprendo?”
Um comentário:
Aprende, Seu Zé! Ainda vai navegar até Acapulco, rs...
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